sexta-feira, 6 de abril de 2012

O Martírio de santo Estêvão - Rembrandt - 1625

Rembrandt  - O Martírio de Santo Estêvão .1625

 Rembrandt Harmenszoon Van Rijn foi um importante pintor e gravador holandês. É considerado um dos mais importantes pintores do barroco europeu. Nasceu em 15 de julho de 1606 na cidade de Leiden e faleceu em Amsterdam em 4 de outubro de 1669.

Rembrandt usava  variadas temáticas em suas gravuras como cenas bíblicas, mitologia, paisagens, nus, retratos e outras mais, idem às suas pinturas; embora os auto-retratos sejam mais comuns neste tipo de arte. A fase onde realizou a maior quantidade de gravuras iniciou-se em 1636 e durou cerca de 20 anos. Muitas delas permanecem até hoje, algumas sendo encontradas no Museu Rembrandt, em Amsterdã. Gravuras estas que percorrem o mundo em exposições temporárias, a fim de que outros possam apreiar as obras do grande mestre.

Rembrandt  pintou  seu primeiro quadro -    O Martírio de Estêvão -  aos 19 anos , o que sem dúvida  é um dos episódios mais tristes relatados na Bíblia. Um homem inocente é levado a julgamento devido a falsas acusações. Recebe a oportunidade de fazer uma breve defesa e é imediatamente executado por apedrejamento. A história torna-se ainda mais triste ao lermos na Palavra de Deus que Estêvão era um “homem cheio da graça e do poder de Deus, [quel realizava grandes maravilhas e sinais entre o povo” (Atos 6:8). Estêvão era o tipo de pessoa benquista na sociedade, mas teve a infelicidade — ou felicidade para alguns — de viver num período de grande revolta. A repercussão da morte de Jesus estava apenas começando a ser sentida. Os judeus estavam determinados a eliminar todos os membros da “seita” que cria em Cristo e em Sua ressurreição. Estêvão fazia parte desse grupo e fazia questão de não esconder sua crença.Deus concedeu a Estêvão uma visão em que contemplou Jesus à direita do Pai, cheio de vida e de poder real. A visão confortou o humilde servo de Deus na hora em que mais precisou. A ressurreição não era mais uma verdade abstrata que ouvira, mas tornou-se um fato. Estêvão foi capaz de suportar o momento de maior dor de sua vida porque contemplou o Salvador.

 Observe que a luz incide em cheio em Santo Estevão e nos homens que o estão apedrejando, ressaltando assim as suas expressões, mostrando todos os sentimentos e reações ocorridas na cena, destacam-se como é habitual nesta época, as anatomias escultóricas e os seus músculos em tensão. O movimento e o dramatismo da cena, são sem lugar de duvidas elementos de estilo barroco Estêvão era judeu da diáspora e morava em Jerusalém. Fazia parte dos sete diáconos que haviam sido encarregados pelos Apóstolos de assistirem os necessitados da comunidade. Seu nome em grego significa “coroa”, e evoca a idéia de martírio, porque nos séculos a seguir a coroa foi símbolo do martírio. Sua paixão é de fundamental importância porque não tem nada de fabuloso ou lendário.  

O   martírio deu-se fora da porta de Damasco , ao norte da cidade de Jerusalém  , ao lado de uma estrada onde surge agora precisamente a Igreja de Saint-Étienne ao lado da famosa École Biblique dos Dominicanos.  Era um lugar aberto, circular, em cujo centro se achava uma pedra, sobre a qual se ajoelhou o santo moço, rezando, com as mãos erguidas. Vestia uma longa veste , arregaçada, sobre a qual pendia, no peito e nas costas, uma espécie de escapulário, com duas fitas transversais; creio que era uma parte das vestes sacerdotais. Procederam no apedrejamento em certa ordem; em volta do lugar haviam juntado pedras, ao pé de cada um dos apedrejadores.


 Santo Estêvão foi o primeiro mártir do Cristianismo, sendo considerado santo por algumas das denominações cristãs (católica, ortodoxa e a anglicana). É celebrado em 26 de Dezembro no Ocidente e em 27 de Dezembro no Oriente por tais denominações. Ele também está listado entre os Setenta Discípulos.
A história de Estêvão diz-nos muitas coisas. Por exemplo, ensina-nos que nunca se deve separar o compromisso social da caridade do anúncio corajoso da fé. Era um dos sete encarregados sobretudo da caridade. Mas não era possível separar caridade e anúncio. Assim, com a caridade, anuncia Cristo crucificado, até ao ponto de aceitar também o martírio. Esta é a primeira lição que podemos aprender da figura de Santo Estêvão: caridade e anúncio caminham sempre juntos.
Sobretudo, Santo Estêvão fala-nos de Cristo, do Cristo crucificado e ressuscitado como centro da história e da nossa vida. Podemos compreender que a Cruz permanece sempre central na vida da Igreja e também na nossa vida pessoal. Na história da Igreja nunca faltarão a paixão, a perseguição. E precisamente a perseguição torna-se, segundo a célebre frase de Tertuliano, fonte de missão para os novos cristãos. Cito as suas palavras: “Nós multiplicamo-nos todas as vezes que somos ceifados por vós: o sangue dos cristãos é semente” (Apologetico 50, 13: Plures efficimur quoties metimur a vobis: semen est sanguis christianorum). Mas também na nossa vida a cruz, que jamais faltará, se torna bênção. E aceitando a cruz, sabendo que ela se torna e é bênção, aprendemos a alegria do cristão também nos momentos de dificuldade.

 O valor do testemunho é insubstituível, porque a ela conduz o Evangelho e dela se alimenta a Igreja. Santo Estêvão ensina-nos a valorizar esta lição, ensina-nos a amar a Cruz, porque ela é o caminho pelo qual Cristo vem sempre de novo entre nós.

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